*available only in portuguese
Vento.
Nos acaricia a pele, arrepiando os cabelos – das bochechas aos pés. Sentimos-o, sem, no entanto, aprendê-lo. Escutamos seu sussurro. Nosso corpo é tocado atravessado alterado transformado pela matéria, invisível (?), presente.
O filme começa
saudando e agradecendo suas ancestrais.
Tela preta.
NOIRBLUE
Surge uma voz.
Escuta.
Aos poucos, surgem luzes coloridas A voz começa a dizer sobre a viagem A narração nos leva a sobrepor as imagens da tela com as da cabeça.
“Meu compromisso é estar” aparece a imagem o corpo de uma mulher negra, coberta por um véu que se comunica (traduzindo?) o vento “esse véu me revela o que existe escondido na história que me contaram.”
O corpo, integrando-se ao espaço, dança de guerra de fertilidade de cura O vento dança com o véu com a ausência com o tempo -“porque a gente tá no futuro”.
dança-espaço -signature
Corpos que assinam sua presença-existência-imagem na tela. Que olham e olham de volta. Criando uma contra imagem, “como uma forma de conhecer o presente e inventar o futuro.”, citando bell hooks.
O filme termina, pedindo benção também para as pessoas mais novas, que ainda estão por vir.
NOIRBLUE: deslocamentos de uma dança curta-metragem que usa a linguagem do vento, para dizer do tempo e seu atravessamento no (s) corpo (s) , principalmente, daqueles cuja a imagem é demarcada pela ausência e apagamento.
Deslocando o olhos a linguagem habitual dos festivais o corpo
a imagem a ausência
“Talvez haja já um primeiro ponto aqui: brisa. No sentido do que pode o cinema: ser brisa.” ou, no caso de Noir, ser vento.
[1] “Ao olharem e olharem de volta, as mulheres negras se envolvem em um processo por meio do qual vemos nossa história como uma contramemória, usando-a como uma forma de conhecer o presente e inventar o futuro.” Bell Hooks em O Olhar Opositivo – a espectadora negra.
[3] Curta-metragem onde a coragem já começa na minutagem (27′).
[4] Potente pontuação de Juliano Gomes no texto Carta ao Heitor (ou Desculpe a bagunça ou Ao mesmo tempo), publicado no site da Cinética (http://revistacinetica.com.br/nova/carta-ao-heitor-ou-desculpe-a-bagunca-ou-ao-mesmo-tempo/)
[5] Assim como essa, algumas frases do filme foram reproduzidas.
este texto foi produzido como parte da Oficina de Crítica de Cinema – Por Um Deslocamento do Olhar, ministrado pela crítica Carol Almeida, durante o 20º FestCurtasBH.
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